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"Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou."
Albert Einstein
Tella'nor e um Sábio Rei - 4ª Parte
Tabu e Alana apresentaram o caso ao conselho dos anões, logo um dia após Tabu encontrar o garoto nas cascatas. Quando os corações de pedra viram a gravidade do fato, decidiram marcar uma data futura enquanto podiam analisar a situação para decidir o destino da criança, nisso ambos ainda seriam responsáveis pelos cuidados do bebê desconhecido. Tabu não gostou inicialmente da ideia do conselho, mas Alana adorou cuidar do "bebezão" que o marido encontrou.
Eles não esperavam, mas havia se passado mais de quatro meses desde da audiência com o conselho dos anões, Alana e Tabu já gostavam tanto da criança quanto do pequeno filho Sonne. Certo dia chegou o esperado comunicado para eles comparecerem no conselho, pois já estava marcado o julgamento, sendo o relator o mais sinistro dos conselheiros "Kala'azar o de barba vermelha". Durante muitas horas foi discutido entre os conselheiros na cessão, a situação da criança, para onde deveria ir, com quem deveria ficar entre outras coisas. Ao todo são sete grandes conselheiros, "Hagar o ancião, Celtic o general, Kala'azar o de barba vermelha, Nirine a sábia, Balldur o mestre minerador, Cancunn o espiritualista e Krissi a doutora", eles decidiam a maior parte dos assuntos de Mooncore, caso não conseguissem resolver determinada situação tendo assim um acordo entre a maioria, eles passavam o caso ao rei anão.
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Kala'azar o de barba vermelha |
No caso do bebê encontrado por Tabu foi uma discussão fervorosa entre os conselheiros, Kala'azar idealizou de deixar a criança no mesmo lugar em que foi encontrada, Nirine disse para o bebê ser cuidado por alguma família até poder ter independência e conseguir trabalhar, Balldur não perdeu tempo e descreveu que desejava cuidar da criança para ele se tornar futuramente um escravo nas minas, como não houve consenso entre eles, Tabu ficou irritado com tudo aquilo e contou que desejava ficar com o menino, então todos silenciaram diante do que ele havia dito, Hagar o ancião concordou plenamente com Tabu e informou aos outros conselheiros que deveriam passar o caso ao rei anão Baradum, por haver envolto uma vida, mesmo ela não sendo da raça deles. Nesse ponto todos concordaram, deixando novamente a criança aos cuidados do casal e informaram que em breve haveria um assembléia com o rei, devendo eles esperarem o chamado dos informantes reais.
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Rei Baradum |
Dentro de três dias o rei viu a necessidade de decidir o caso e mandou o comunicado, foi montado a bancada dos representantes do povo e dos conselheiros do rei, Tabu e Alana se aprontaram para não atrasarem a assembléia, chegaram no local e foram na bancada para cumprimentar os representantes do povo, os conselheiros do rei e depois saudar o rei Baradum. Baradum já era um anão de meia idade, mas aparentava ser mais novo, tinha os olhos claros como o céu que os anões viam pouco, tinha uma sabedoria como um ser que viveu mil anos, ele era descendente direto de Midigard o primeiro rei dos anões. Seu avô Midigard foi quem uniu os clãs dos anões para protegerem suas familias, o que ocasionou na formação de Mooncore, ante ao fato da chegada da Legião em Cygnus.
O rei parecia pensativo, talvez por ter que tomar uma decisão sobre a situação da criança, enquanto os conselheiros discutiam uma provável decisão do rei. Baradum levantou-se e foi em direção a Tabu e Alana que se prostraram imediatamente perante ele, abaixando o filho Sonne também, Alana segurava firme o bebê desconhecido no colo, como se estivesse sentido medo de perde-lo. Todos no local olhavam a cena, o rei pediu a Alana a criança que com muito medo o entregou, a criança dormia profundamente e Baradum o segurou forte com um dos braços pressionando-o contra sua caixa torácica, abriu um pouco os olhos do menino indo em direção a bancada, pediu para um dos conselheiros segurar o bebê, voltou olhando para todos e disse:
"Meus caros conselheiros, ilustres representantes do povo, jovem casal e aos demais presentes... a muito não existia um caso tão complicado quanto este, tentei mirabolar diversas opções para resolver o caso desta criança e até poucos instantes não tinha algo conveniente para este acontecimento tão inesperado. Quando me desloquei até o ambiente onde aquela anã se encontra e percebi sua reação oposta a minha ação, comecei a imaginar a minha decisão, no momento que o segurei no colo e vi seus olhos tudo se tornou claro e concreto no meu pensamento.
Esta criança não é nascida do nosso ventre, talvez nunca seja um anão, nem mesmo se pareça conosco, mas sei que ele veio por algum motivo e espero sinceramente que esteja vivo para observar seus feitos, ele tem os olhos cor de ouro como nossos ancestrais, além do próprio rei Midigard (para os anões quem possuía os olhos da cor do ouro, eram escolhidos para serem grandes pessoas no mundo, sempre seriam abençoados pelos seus ancestrais). Não podemos deixa-lo a deriva nesse mundo cruelmente massacrado pelo mal,enquanto formos filhos de Midigard sempre haverá uma mão amiga entre os companheiros, estaremos juntos no trabalho, na dor ou na guerra, ser um anão é ser um verdadeiro amigo leal até o fim. Essa criança merece crescer e mostrar seu valor a essa terra, podendo ser em Mooncore ou com seus iguais acima destes reinos, já teremos feito um bom trabalho caso ele herde as nossas vontades. Sobre quem deve cuidar do menino é bem simples, o casal que o encontrou e já vem fazendo isso, manifestou este desejo, todos sabemos que Tabu e Alana são ótimos anões, então decido nesses termos... a criança fica com o casal até possuir vontade própria, podendo no futuro escolher seu caminho, enquanto isso ele será tratado igualmente como um de nós, tendo todos os direitos e deveres da nossa raça, sendo assim também está sujeito as nossas leis."
O rei virou-se ao casal e perguntou se já tinham pensado em um nome para o bebê, responderam que sim é claro, ele seria então chamado de "Tella'nor dos olhos dourados."